terça-feira, 9 de junho de 2015

Sucessão municipal: PT, PSDB e quem mais?

(MARCUS OTTONI - jornalista)

  A sucessão da prefeita Lucimar Conceição (PT) em Valparaíso de Goiás deverá terminar numa disputa eleitoral entre três candidatos, não mais do que isso. O leque de alternativas nesse período pré-eleitoral faz parte do jogo político de valorização pessoal e segue a máxima da “fogueira das vaidades”, onde vale mais quem mais tem visibilidade, ou seja: quem mais aparece mais chances tem de fazer um bom acordo político e garantir espaços numa coligação partidária. Muitos que hoje se arvoram a candidato a prefeito de Valparaíso, querem mesmo é disputar uma vaga de vereador na Câmara Municipal.
Dentro dessa visão carreirista surgem movimentos cujo objetivo principal é tornar o partido ou o político a “bola da vez” numa vitrine fragilizada por diversos fatores e que geralmente se transforma num caminho que vai do nada a lugar nenhum. Assim, as tais famosas “frente partidária” tão comuns nesse período que antecede as eleições municipais são criadas, navegam por algum tempo no imaginário de seus idealizadores e morrem bem antes de cristalizar qualquer projeto majoritário sério de alternativa político eleitoral para a sociedade. 
  O que se vê hoje é a engenharia política dos partidos elaborando suas estratégias de fortalecimento para cooptar os chamados partidos satélites e ajudar a eleger os candidatos dos partidos considerados “tubarões” no oceano da política. Embora hoje haja no universo político de Valparaíso mais de uma dezena de candidatos a cadeira ocupada pela prefeita petista na administração municipal, o funil irá restringir a disputa a apenas três candidatos com reais chances de sensibilizar o eleitorado local. O que sobrar da peneira majoritária será acomodado nas chapas proporcionais dos partidos nas coligações eleitorais.
No palco sucessório municipal em Valparaíso de Goiás é indiscutível a polarização do PT, da prefeita Lucimar Conceição e da presidente Dilma Rousseff, com o PSDB, da ex-prefeita Leda Borges, do governador Marconi Perillo e do senador Aécio Neves. Essa disputa interessa não apenas aos candidatos, mas fundamentalmente aos partidos que com o maniqueísmo afastam qualquer concorrência indesejada na briga entre os “irmãos siameses” da política brasileira: PT/PSDB. São duas máquinas bem estruturadas e com muita “bala na agulha” para brigar voto a voto na eleição de 2016.
  A alternativa eleitoral será uma candidatura desalinhada do maniqueísmo político PT/PSDB que possa comprometer o eleitor com um novo modelo de gestão, livre dos penduricalhos e acessórios viciados dos dois partidos que apostam no jogo do bem contra o mal, do melhor versus o pior, do honesto contra o corrupto, da direita brigando com a esquerda, do avanço contra o atraso e por ai vai a montagem da farsa entre os cordões azul e vermelho. Mas uma candidatura séria com respaldo financeiro que não concorra à eleição apenas para marcar território ou para massagear egos desafetos ou ganância inescrupulosa dos corruptos.
  Alguns integrantes da “frente partidária” montada pelo PCdoB não tem como assumir uma candidatura alternativa de confronto ao PT por razões óbvias que somente eles fingem não ver. O PCdoB que ensaia uma “rebeldia consentida” da administração Lucimar Conceição, integra o governo municipal e se propõe a mudar a forma de gestão combatendo o atual modelo sem largar as tetas do município. Assim também age o PROS que desfruta de cargos no governo municipal, mas prega outra forma de governar diferente do método da atual prefeita. Ambos estão visceralmente ligados à administração do PT local, cuja leitura da “rebeldia” nos leva a concluir que tudo não passa de uma crônica da traição anunciada. 
  O PPS não tem muito futuro porque seus dias como partido político estão contados e acabam no próximo dia 20 deste mês quando se consolida a fusão com o PSB, pondo um ponto final numa candidatura instável e inconsequente apresentada à sociedade com um discurso raivoso e antiquado sem consistência eleitoral, além de não ter qualquer respaldo financeiro que possa dar fôlego a uma candidatura majoritária. O PMDB é uma incógnita no jogo da sucessão municipal e, provavelmente, deverá atuar como coadjuvante de outro partido dentro das duas grandes coligações que se formarão com o PT e o PSDB. O Democrata, que se apresenta tanto como oposição ao PT do governo federal, como ao PSDB do governo estadual, não dispõe de um nome que possa atrair o eleitorado para uma candidatura alternativa capaz de derrotar, no município, seus dois adversários de uma única vez. 
  O PSB, que navegou em mares turbulentos na ultima eleição, também deixará de existir como sigla partidária no próximo dia 20, mas continuará sendo o ancora da fusão com o PPS e o principal partido da nova sigla. O atual discurso do PSB, que será o mesmo da nova legenda, prega o rompimento com o maniqueísmo PT/PSDB e, dependendo da construção do arco de alianças fora do universo da polarização entre Lucimar e Leda, poderá se constituir na alternativa viável para a sociedade em 2016, com uma candidatura majoritária de nível e capacitada para exercer a administração municipal em consonância com as necessidades do município e queconheça a fundo os problemas que serão enfrentados e suas soluções para melhorar a qualidade de vida da população de Valparaíso.
  Nessa ordem, a sucessão municipal deverá colocar na disputa eleitoral em 2016, a própria prefeita Lucimar buscando sua reeleição pelo PT com a possibilidade de ter o comunista Iraquitan, do PCdoB, como vice; uma chapa apoiada pela ex-prefeita e atual deputada secretaria Leda Borges compostapelos vereadores Pábio e Afrânio; e uma candidatura ancorada pelo partido oriundo da fusão PSB/PPS, cujo nome será alvo de debate num leque com nomes como Antonio Reis, Elson do Varejão ou o ex-controlador  geral do município o advogado José Zito do Nascimento, com adesão de partidos realmente alinhados com a oposição a polarização PT/PSDB. A construção deste cenário eleitoral já está em andamento e deverá por um ponto final em vários pré-candidatos a prefeito que hoje desfilam pela cidade como se já houvessem sido aprovados pelas convenções partidárias. 





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