Valter da Guarda Mirim luta para acabar com a corrupção em Santo Antonio do Descoberto

(Marcus Ottoni - texto e fotos)

  O vice-prefeito de Santo Antônio do Descoberto, Francisco Valter da Cunha Araújo, conhecido como Valter da Guarda Mirim (SD), está empenhado em colocar um ponto final nos desmandos administrativos do prefeito Itamar Lemes do Prado (PDT) para resgatar o município que hoje se encontra destruído pela corrupção implantada na atual gestão e que já contabiliza mais de 31 procedimentos investigativos em curso no Ministério Público.

Valter da Guarda Mirim (SD), vice-prefeito

  Eleito em 2012 junto com Itamar Prado numa dobradinha PDT/PSoL, Valter revela que a aliança política entre eles não sobreviveu ao primeiro semestre de 2013. O rompimento se deu três meses depois de empossados na Prefeitura pela “quebra de compromissos” e o alinhamento da administração ao esquema corrupto que foi combatido e denunciado durante a campanha eleitoral. “Não tive como continuar aliado dele quando os nossos compromissos foram quebrados e a administração tomou o caminho da corrupção”, justifica o vice-prefeito Valter.
  Ao longo dos últimos dois anos e meio o município tornou-se foco de um esquema criminoso de corrupção e alvo de denúncias de vereadores, da imprensa e da própria comunidade que sofre com o abandono da cidade e a falta de serviços básicos em todas as áreas da administração municipal. São, de acordo com o Ministério Público, 31 investigações sobre lesões ao patrimônio público. O prefeito Itamar Prado é o principal investigado nos casos de corrupção em Santo Antonio do Descoberto.
  O vice-prefeito Valter da Guarda Mirim é uma das poucas vozes do município a combater a “imoralidade pública” que tomou conta do município na atual administração municipal. Ele lidera uma bancada de quatro vereadores que enfrenta a poderosa máquina administrativa do prefeito que utiliza de todas as formas imagináveis para silenciar seus opositores e impedir que as denúncias de corrupção se tornem públicas.
  Pela posição de combate aos desmandos da atual gestão municipal, o vice-prefeito Valter da Guarda Mirim, vem sofrendo retaliações e perseguições políticas desde seu rompimento político com o prefeito Itamar do Prado. A começar pelo gabinete que funciona numa pequena sala de quatro metros quadrados no Centro Administrativo, sem energia elétrica, sem equipamentos e qualquer conforto para que Valter exerça a função com dignidade.
  Ele não tem funcionários a sua disposição e não pode contratar profissionais para seu gabinete pela Prefeitura. Em 2013, seu chefe de gabinete foi nomeado e exonerado pelo prefeito por seis vezes. O mesmo ocorreu com outras cinco pessoas que trabalhavam no gabinete de Valter, que os sustentou com dinheiro do seu pagamento até dezembro de 2013. Hoje, ele mantém com recursos próprios dois funcionários: uma secretária e o chefe de gabinete Jonas Theodoro.
  Valter da Guarda Mirim tem um histórico político de combate intransigente à corrupção no Poder Público. Quando era vereador, foi considerado o melhor vereador do Brasil no combate a corrupção e continua sua luta pela moralização na Prefeitura de Santo Antônio do Descoberto e contra o esquema montado por Itamar Prado para desviar dinheiro do tesouro municipal. Para ele o município está sendo destruído pela corrupção implantada na Prefeitura pelo prefeito do PDT, com a conivência de parte da Câmara Municipal. “Quem paga a conta do caos é a população que fica sem os serviços básicos da administração pública” comenta Valter.
  A Câmara Municipal é composta por 15 parlamentares, dos quais quatro vereadores - Geraldo, Mateus, Julio e Derson - integram a bancada de oposição ao prefeito Itamar Prado. Dois pedidos de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias de corrupção e desvio de verbas na prefeitura foram abortados por manobras da bancada situacionista. Um dos cinco parlamentares que assinou o pedido de CPI, o vereador José Roberto, foi cooptado pelo prefeito e assumiu a Secretaria Municipal de Esportes.
  Valter conta apenas com a ação da Justiça para mudar o rumo criminoso da atual gestão de Santo Antônio do Descoberto. Ele aguarda uma decisão favorável ao afastamento do prefeito para que possa assumir o controle da gestão municipal e abrir a “caixa preta” da Prefeitura  para ter acesso a informações “mantidas sobre sigilo” e que são negadas ao vice-prefeito, aos vereadores da oposição e a população de modo geral.
  “Nós queremos reconstruir nossa cidade e garantir a população os serviços essenciais da Prefeitura. Queremos que Santo Antônio seja noticia pela qualidade de vida da sua população e pelas ações corretas do Poder Público e não por escândalos de corrupção, desvio de recursos da Prefeitura. Isso nos envergonha e denegri a imagem de nosso município no Brasil e no mundo. Temos que limpar Santo Antônio e fazer dela uma cidade melhor para se viver e com qualidade de vida para todos os nossos conterrâneos”, desabafa Valter.
  Já existem quatro mandatos de segurança impetrados pelo vice-prefeito na Justiça contra a administração de Itamar Prado. O prefeito é réu em aproximadamente 29 processos por improbidade administrativa, dano ao erário público, apropriação previdenciária e de consignados, agressão a funcionário público, entre outros. A expectativa de Valter é entrada do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado - GAECO, do Ministério Público, no caso para agilizar ações de combate a corrupção no município e a punição dos responsáveis das ações criminosas denunciadas na Prefeitura.
 

Santo Antonio do Descoberto: fé popular e corrupção endêmica

Um município destruído pela corrupção

 

  Santo Antônio do Descoberto é um município goiano localizado na região metropolitana do Distrito Federal, a 45 quilômetros de Brasília. Sua população é de quase 64 mil habitantes. Seu histórico de indignação pelo descaso da Prefeitura não é de hoje e registra uma manifestação popular no ano de 2011, quando a cidade viveu um clima de guerra com o povo protestando nas ruas contra os desmandos administrativos na gestão passada.
  Quatro anos depois, o município volta ao noticiário por causa de denúncias de corrupção na Prefeitura e do abandono da cidade que enfrenta problemas em todas as áreas da administração municipal, segundo informações de populares e políticos ligados a oposição ao prefeito Itamar Prado (PDT). O prefeito aparece como o principal investigado pelo Ministério Público por lesão ao patrimônio público e desvio de recursos do tesouro municipal.
  Faz parte da lista de denúncias de irregularidades cometidas pelo prefeito pedetista a contratação da Associação de Proteção a Saúde por R$ 133 milhões, para gerenciar toda a área da saúde do município durante quatro anos. A ONG tem sede no Rio de Janeiro, num bairro nobre da cidade e é presidida por Alexandre Evangelista Dias. O contrato com a ONG foi suspenso com base em uma liminar concedida pela Justiça.
  Itamar também é acusado de apropriação previdenciária dos servidores municipais o o que pode comprometer a aposentadoria de todo funcionalismo público municipal. Outra denúncia é referente a uma empresa que recebeu R$ 2 milhões para fornecer material de limpeza para o município, mas que tem endereço “fantasma”, conforme revelou o “Fantástico”, programa dominical da TV Globo. Além dela, outras seis empresas estão na mira do Ministério Público com contratos suspeitos de fraude.
 Uma dessas empresas investigadas fica a 175 quilômetros de Santo Antônio do Descoberto, no município goiano de Santo Antônio de Goiás, e o endereço da sede da empresa é na casa do vice-prefeito daquele município, Marildo Vaz Machado, que desconhece a “empresa fantasma” e nunca morou em outro endereço ou alugou sua residência. De acordo com informações, a suspeita de fraudes na Prefeitura de Santo Antônio do Descoberto aponta para R$ 30 milhões de recursos desviados.
  Segundo declarações do próprio prefeito Itamar Prado (PDT), o município arrecada mensalmente mais de seis milhões de reais, dos quais R$ 5,7 milhões são gastos somente com o pagamento dos salários do pessoal da Prefeitura. Ele também é acusado pelo vice-prefeito Valter da Guarda Mirim e “inchar a folha de pagamento” com pessoal de outras cidades, principalmente de Brasília. O vereador oposicionista Mateus Antônio (SD) já denunciou o prefeito Itamar Prado (PDT) no Ministério Público, na Controladoria Geral da União e na Polícia Federal.

Uma população religiosa a espera de um milagre

Uma cidade abandonada pelo descaso da Prefeitura